Unimed Grande Florianópolis foi eficiente para cortar produção dos cooperados, mas ineficiente para reduzir despesas administrativas

O plano estratégico da Unimed Grande Florianópolis para superar a crise deu resultados, mas uma contradição salta aos olhos: enquanto os eixos de corte de produção dos cooperados e renegociação com prestadores foram implementados com determinação, a prometida redução nas despesas administrativas parece ter ficado apenas no discurso.

GERAL

Redação

9/19/2024

A crise das operadoras de saúde obrigou a diretoria da Unimed Grande Florianópolis a criar um plano de contingência. O plano estratégico tinha três eixos principais: (1) corte de produção dos cooperados, (2) renegociação com prestadores e (3) redução da despesa administrativa.

A gestão queria dar o exemplo, o discurso fazia sentido. A crise era nacional, os cortes eram necessários, mas não seriam só os cooperados e os prestadores penalizados. A diretoria cortaria na própria carne, reduzindo custos administrativos.

O corte de produção dos cooperados, de fato, ocorreu. A renegociação com prestadores também aconteceu – em alguns casos, de forma mais imposta que negociada. Já a despesa administrativa nunca foi reduzida, ao contrário: ela cresceu.

Despesas fermentadas

Em 2021, a receita com contraprestações havia aumentado 14,37% em relação ao ano anterior. No mesmo período, a despesa administrativa subiu em 30,03%.

O mesmo aconteceu em 2022, ano em que a cooperativa mais sentiu o peso da crise. Enquanto a receita ficou praticamente estagnada (subindo apenas 0,17%), a despesa administrativa subiu 20,90%.

A partir de 2023, o plano estratégico foi implementado e começou a dar frutos: o corte de produção dos cooperados e a renegociação com os prestadores possibilitaram a reversão das perdas do ano anterior.

Contudo, o espanto surge ao olharmos o que aconteceu com a despesa administrativa durante o plano estratégico: ela subiu 13,43% – mais uma vez acima do crescimento da receita, que aumentou 9,92% no mesmo período.

2024

2022 teve um resultado operacional negativo em R$32,2 milhões. O resultado operacional foi ajudado pelo resultado financeiro, em razão da remuneração dos investimentos. O resultado líquido foi negativo em R$2,6 milhões.

2023 ainda teve um resultado operacional negativo: R$19 milhões. O resultado líquido, mais uma vez ajudado pela remuneração dos investimentos, foi positivo em R$3,2 milhões.

2024 está sendo um ano bem melhor. As medidas tomadas em 2023, somadas ao fim da crise nacional das operadoras de saúde, vem fazendo o plano conseguir bons resultados. O primeiro semestre fechou com resultado operacional positivo e resultado líquido positivo.

E o leitor pode estar se perguntando: “e a despesa administrativa?”. Ela vai bem, obrigado. Segue crescendo em taxas superiores ao crescimento de receita.

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